Três assuntos tomaram as páginas de jornais, revistas e sites: a aliança de Lula e Maluf em prol da candidatura de Fernando Haddad do PT a Prefeitura da cidade de São Paulo, o encerramento da Conferência Rio+20 sobre Desenvolvimento Sustentável e o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo do Paraguai e a posse de Federico Franco que era o seu vice.
Penso que o tema que conecta os três assuntos é a política, ou melhor, as escolhas que indivíduos e coletivos fazem frente a organização da sociedade. Em qualquer dos três casos a controvérsia pública de opções de diferentes grupos é uma marca clara também.
No caso do acordo de Lula com Maluf o tema da escolha controversa é evidente. Os dois se atacaram mutuamente durante os últimos quarenta anos como se opostos fossem. Agora o último grande projeto do Lula que é impedir uma nova vitória do PSDB em São Paulo fez com que se tornasse necessário esse acordo.
Ninguém em sã consciência imaginará que qualquer envolvido leva a sério tal aliança, mas porque fazê-la? Certamente envolver pessoas que ouviram Maluf se opor diametralmente a Lula e ao PT fazendo com que agora acreditem que mudaram e é melhor votar neles.
Me pergunto como alguém que apoiou a vida inteira Maluf com tudo com o que ele tem de anti-petismo na sua carreira pode agora deixar-se enganar de tal maneira? São escolhas também.
No caso da Rio+20 é uma luta entre governos e ambientalistas, mas os governos estão divididos entre ricos e emergentes/ pobres. O problema em questão é como resolver a equação crescimento econômico, redução de pobreza e manutenção do ambiente?
Os governos de modo geral defenderam o documento final, os ambientalistas o atacaram como superficial e sem avanços concretos, ou seja, metas ambiciosas. Mas os governos, seja ricos, emergentes ou pobres, gostaram exatamente porque houve um documento genérico, que na prática não mudará nada dos seus objetivos no curto prazo.
Em Assunção, Paraguai, ocorreu o impeachment do ex-presidente Lugo pelo Congresso Paraguaio, o mais rápido da história mundial, tudo dentro da lei do país segundo as informações disponíveis.
De um lado estão uma grande parcela da população paraguaia, que estava considerando o governo como um grande inimigo, inclusive fazendeiros brasileiros que vivem por lá e de outro os governos do Brasil, Venezuela e aliados que não conseguiriam aceitar a deposição de um seu aliado, mesmo que esse processo tivesse demorado uma década.
Como falei anteriormente os três casos apontam como o que divide as pessoas na política são as escolhas que fazemos individual e coletivamente. No três parece impossível conciliar em cada um deles os dois grupos divergentes.
O que pode ser um caminho político frente a tanta discordância entre pessoas e povos?
A democracia é o único caminho. Democracia é busca constante de diálogo entre divergentes. Porém, não é possível sem identidades claras, ou seja, ou Maluf e Lula sempre foram iguais ou é de fato um absurdo que neguem tanto a sua identidade para obter uma vantagem política. Não tem como isso contribuir socialmente.
No caso de Lugo é justo que governos de países vizinhos decidam se o processo institucional de um outro país foi politicamente correto? Será que tudo que Chavez tem feito de anti-democrático na Venezuela é mais democrático do que ocorreu no Paraguai? Assim, considerar a minha identidade como A CERTA não contribui para a democracia, como aliás a própria Venezuela de Chavez exemplifica.
Entre ambientalistas e governos ricos ou pobres, fico com os que defendem o ambiente porque na minha opinião defendem algo de real interesse do povo.
Quais são as suas escolhas na política? O importante é que tenhamos a nossa identidade pessoal e grupal clara pois é a nossa forma de contribuir socialmente, mas isso nunca torna necessária a eliminação da identidade dos outros, pois a riqueza está na sua mescla e não na eliminação da diferença como querem alguns.
E você o que pensa?