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terça-feira, 26 de julho de 2011

OSLO, AMY E A INÉRCIA DO POVO BRASILEIRO: O QUE NOS SUSTENTA?

Oslo, capital da Noruega, viveu na sexta-feira (22/07/2011) um trauma social de grande magnitude, 76 pessoas foram mortas em dois ataques terroristas quase simultâneos. Uma explosão no prédio do governo em Oslo e um ataque a um grupo de jovens na ilha Utoya a 40 quilômetros da capital. O único preso justificou através de um discurso racista e de ultra-direita, mas que no fundo revela uma mente perturbada.

No sábado percorreu o noticiário em todo o mundo a informação de que a cantora inglesa Amy Winehouse fora encontrada morta em sua casa. A causa mortis até hoje permanece não esclarecida, mas o mundo todo concluiu que é o resultado da sua vida, que foi envolta em álcool e drogas e que, ultimamente, apesar da sua noticiada tentativa de recuperação, resultou na impossibilidade em dar sequencia a sua carreira de cantora. O que mais chamou a atenção de todos era de que se tratava de uma morte “esperada”, quase que um “destino” pré-anunciado.

As revistas do final de semana trouxeram uma nova enxurrada de notícias sobre corrupção no governo brasileiro. A revista Época desta semana (nº 688) traz um conjunto de informações sobre um esquema até então desconhecido de propinas na Agência Nacional de Petróleo. Neste caso o que tem chamado a atenção é a inércia do povo brasileiro em se indignar publicamente com esta enxurrada de notícias sobre o mau uso da administração pública.

Os dois primeiros fatos nos colocam diante desse fenômeno que mais interpela a nossa vida, o seu fim, a morte. Na Noruega pessoas que foram fazer uma atividade de trabalho ou social acabaram sendo atingidas pela decisão de uma pessoa, o que no mínimo nos coloca diante do fato que existe uma violência no nosso dia-a-dia, que a gente se esquece dela, mas ela sempre está a espreita a nossa espera, como no caso em Realengo no Rio de Janeiro. O que leva essas pessoas, o criminoso de Oslo e do Rio, a uma selvageria tão grande? O fato que essa selvageria somente aumentou na medida que nos tornamos mais civilizados?

Já a morte da cantora Amy nos coloca diante da morte “esperada”, “procurada” por alguém que aparentemente tem tudo o que maioria das pessoas querem, sucesso e dinheiro, mas que se acaba nas drogas que, independente de qualquer discussão, destrói a pessoa e de algum modo a tira progressivamente da realidade. A morte na quase totalidade dessas situações vem quase como algo esperado, um só podia dar nisso. Mas o que faz com que alguém com essa sensibilidade destrua a si mesmo deste modo, o que lhes falta? Ela morreu com 27 anos como aconteceu com outros artistas como Janis Joplin e Jimmy Hendrix e do mesmo modo. O que lhes faltou?

Mas porque coloquei junto o terceiro assunto, a inércia da maioria dos brasileiros diante desse desvendar de corrupção na administração pública e na política? O motivo pelo qual  ela acontece foi um dos tema da semana passada no twitter. Porque?

Para mim essa inércia é, de certo modo, também por uma morte, não física, mas pessoal e social. A maneira como tantos entre nós vivem, um ceticismo (nada vale a pena, então qualquer coisa se justifica) quando o assunto é política e políticos que pode-se cortar com a faca de tão denso que é, ocasiona uma imobilidade, um não mover-se, um não tocar-se, que assemelha-se a uma morte em vida. 

Muita gente decidiu-se por apenas votar e, assim mesmo, somente porque é obrigatório. Tudo bem se a conseqüência em nossas vidas não fosse, de algum modo, a morte de uma espera que todos temos por algo que venha sanar as nossas feridas, os nossos desejos não respondidos.

Lendo o editorial da revista Passos deste mês (veja) fiquei muito tocado pela provocação feita por Julian Carron, responsável do Movimento Eclesial de Comunhão e Libertação, relatada neste artigo. “De vez em quando precisamos perguntar: o que quer dizer incidência histórica? O que move interiormente o homem?”. O editorial continua: “ o primeiro modo de não levá-lo a sério é pensar que se trata de uma pergunta talhada para certos momentos determinados”, como as eleições. O artigo é completado com o provocação ainda maior: “as forças que movem a história são as mesmas que tornam o homem feliz”, não existe diferença entre o que eu espero para mim e o que eu espero para a sociedade onde vivo.

Viver em meio a um ceticismo assim, aceitar que a corrupção deslavada que existe na nossa política possa nos colocar fora da vida é dar a ela uma arma como a do terrorista norueguês e aceitar a nossa morte, enquanto perda do desejo de bem para mim e para todos que nos constitui enquanto pessoas, enquanto humanidade!

terça-feira, 19 de julho de 2011

ESTOU CANSADO DE ROUBALHEIRA! E VOCÊ?!

Estou cansado de roubalheira! Anteontem e ontem enquanto "twitava" fiquei pensando nisso porque após Palloci veio o caso do Ministério dos Transportes, que não acabou e está longe de acabar.

É claro que a minha primeira reação foi: vou escrever sobre isso no meu Blog! Porque é um esquema que existe para cada partido, ou será que a briga por cargos no governo é pelo desejo de servir o país? É evidente que não.

Ontem o Lula cumprimentou a Dilma pela limpeza no Ministério dos Transportes, mas porque ele não fez? Claro, ele não sabia como no caso do mensalão. Porque será que o preposto dele no governo, o Gilberto Carvalho, pediu a Dilma que reconsiderasse a sua ação no Minstério?

Não tem como não ficar indignado, ainda mais considerando o número de mortes, principalmente de jovens e adultos jovens, que ocorrem todos os dias, sim todos os dias, nas estradas brasileiras que podiam, caso fossem melhores, evitá-las.

Mas estou cansado de tanta roubalheira quer dizer que estou cansado de falar disso há semanas. Mas não consegui encontrar nestes dias algum fato político que merecesse ser elogiado, que servisse de referência para iniciar ao menos a minha reflexão aqui.

Percebi então que a gente também acaba se empobrecendo, se enojando dos fatos sociais e políticos quando somente tem diante dos olhos e do pensamento a corrupção, corruptos e nenhuma ação para enfrentá-los.

Me dei conta então de que a resposta estava bem próxima de mim. No sábado passado, dia 16, participei de uma reunião com mais vinte pessoas na casa de uma amiga. Não era um partido político, nem ao menos uma associação de bairro. Somente um grupo de amigos, a maioria do trabalho, outros amigos destes.

A nossa conversa era sobre o nosso desejo de participar, de organizar o trabalho político em 2012 e da disponibilidade de cada um de se envolver e de envolver outros nesta  empreitada.

Isto tem mais importância política que qualquer roubalheira. É claro que não ocupará nem uma linha de jornais ou revistas, mesmo de circulação local, mas tem um valor muito grande para mim, para aqueles vinte  amigos e para tantas outras pessoas que, certamente, se envolverão de algum modo com o nosso trabalho. Foi um encontro do GPC, do qual escrevo em outra página do meu blog.

Mas porque vale tanto um fato tão pequeno?

Porque nos permite caminhar em meio a tanta roubalheira.

Certamente não é um fato isolado, outros encontros iguais ocorreram e ocorrerão.

Dê um pouco do seu tempo também a uma inciativa como essa.

Se você é de Belo Horizonte venha  participar conosco (meu email: scaranci.bhz@gmail.com), se você não é, participe aí onde você está.

Somente iniciativas como essa poderão ocasionar uma política e sociedade diferentes.

PARTICIPE TAMBÉM.

terça-feira, 12 de julho de 2011

MEIO AMBIENTE E POLÍTICA UMA CONTA QUE NÃO FECHA

Nas últimas duas semanas me deparei com duas notícias que me levaram a essa conclusão: a questão ambiental e a política são como uma conta que não fecha, em que dois mais dois são iguais a cinco.

A primeira foi de semana passada uma importante matéria do Jornal de Opinião "Escassez de água ameaça grandes centros urbanos do país" (de Henrique Ulhoa nas páginas 8 e 9 do jornal nº 1151).

O artigo começava do seguinte modo "dono do maior potencial hídrico do mundo, o Brasil corre o risco de sofrer em 2015 falta de abastecimento de água em mais da metade dos municípios" e concluia a introdução dizendo "se não houver investimento necessários para evitar a escassez, a população sofrerá com o desabastecimento" e aponta como a causa principal o "problema de gerenciamento".

A primeira vista poderíamos concluir que é um problema de gestão, mas o problema na realidade é principalmente político: de decisão de e como investir, se é para corrigir problemas reais ou não.

A segunda li quando "twitava" no site de O Globo sobre desvios de verbas que estão ocorrendo em municípios da região serrana do Rio de Janeiro onde ocorreu aquele desastre humano e ambiental de quase 900 mortes e a destruição de bairros e cidades (http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/07/12/ministerio-publico-federal-obtem-mandados-de-busca-apreensao-de-40-processos-na-prefeitura-de-nova-friburgo-924882105.asp).

A reportagem apresentava uma ação da polícia federal que tinha conseguido mandados de busca a apreensão de mais de 40 processos que estão na prefeitura de Nova Friburgo (a cidade mais devastada), na Região Serrana. Eles buscavam averiguar a existência de "irregularidades na aplicação de recursos da União e cobrança de propina durante a reconstrução dos municípios de Teresópolis e Nova Friburgo após as enxurradas que devastaram a região no começo do ano".

Alguém pode ter pensado que depois dos acontecimentos que ocorreram na região o principal e único problema era a existência ou não de recursos, ou seja gestão, mas não, os recursos (não sei avaliar se suficientes, provavelmente não) que chegaram estariam sendo desviados, ou seja, problema político, decisão de como aplicar os recursos que existem, na solução de problemas concretos ou não.

Será que alguém tem dúvida de que se nada for feito as 900 mortes serão somente o desastre humano que foram, mas não terão efetivado a principal lição que elas ensinaram, poderiam ter sido evitadas se tivessem sido corrigidos os problemas que pioraram a uma ação da natureza.

Por isso disse que MEIO AMBIENTE E POLÍTICA SÃO UMA CONTA QUE NÃO FECHA, um dois mais dois igual a cinco, porque como pode alguém que recebeu um mandato público usar um dinheiro que veio por causa tão importante com finalidades tão mesquinhas?

O que foi identificado no Ministério dos Transportes não é senão outro exemplo do mesmo assunto. Estamos no meio de uma situação que ninguém sabe ao certo onde chegará em função dos grandes eventos esportivos dos próximos anos, onde uma prioridade de altíssima ordem é exatamente a solução dos graves problemas que o país ainda tem em infra-estrutura e é identificado num ministério profundamente responsável na solução deles, desvio de verbas cuja finalidade seria a solução de problemas concretos para usá-los em interesses tão MESQUINHOS.

Mas tudo isso seria mais do mesmo que nos últimos tempos ocorrem como denúncia da imprensa (felizmente) quase todos os dias, se nós não fossemos obrigados a refletir o seguinte: quem sofre ou sofrerá com o problema da falta de água, do transporte precário, do risco ambiental são as pessoas que na maioria das vezes dão poder a esses políticos.

QUEM VOTA NELES NA MAIOR PARTE DAS VEZES SÃO OS MESMOS QUE SOFREM AS CONSEQUÊNCIAS DAS SUA AÇÃO CORRUPTA!

No meio disso tudo estamos nós que nos damos contas disso, porque por razões variadas tivemos oportunidades na vida que outros não tiveram: família e estudo para mim são as principais, mas certamente a lista a nosso "favor" não é pequena.

Por isso escrevi isso tudo e por isso penso que a nossa participação na política é o mínimo que podemos fazer. Não podemos usar como nosso álibi o fato que as coisas tem permanecido assim e permanecerão provavelmente porque a nosssa força é pequena diante do problema.

COMECEMOS A AGIR ENTÃO AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES SÃO "SEMANA" QUE VEM.

Isso não diminui a nossa responsabilidade somente a aumenta.

terça-feira, 5 de julho de 2011

PÃO DE AÇÚCAR E CARREFOUR OU ESTADO BRASILEIRO FALIDO

Esta semana o noticário repercutiu a notícia de um possível empréstimo do BNDES para o Pão de Açúcar realizar uma fusão com o Carrefour. A grande questão é porque esse empréstimo interessa? Ele poderia ser integralmente tomado  com bancos privados  e o governo  utilizá-lo em alguma prioridade ambiental que são muitas no nosso país.

A justificativa do presidente do BNDES é de que interessa ao país ter gigantes empresariais para ampliar o seu papel no cenário internacional.

INTERESSA A QUEM? Não está claro neste caso.

Porque as empresas envolvidas não buscaram empréstimo em algum banco privado? Segundo o dono do Pão de Açúcar porque a presença de um banco estatal daria maior credibilidade ao negócio.

ESSE É O CAPITALISMO BRASILEIRO IRMÃO GÊMEO DO ESTADO BRASILEIRO!

Digo isso porque o PT sempre disse que o estado brasileiro existe para defesa dos poderosos e que nunca antes nesse país isso foi tão diferente ou seja o "estado" petista defende o povo. Nunca neste país isso foi tão mentiroso. Se existem razões macroeconômicas para que isso justifique a ação do BNDES, fica a pergunta: a quem interessa?

Quem fará essa pergunta e exigirá uma resposta? Deveria ser o espaço do estado democrático responsável por nos representar: O LEGISLATIVO. 

Frequentemente o legislativo  é enfraquecido por ações do executivo e do judiciário. Muitas vezes a relação entre executivo e legislativo é de mando, o primeiro manda e o segundo executa. Entre o legislativo e o judiciário, o segundo legisla no lugar do primeiro por causa da falta de competência deste. O NOSSO LEGISLATIVO É MUITO FRACO!

De onde vem essa deboleza? São dois os fatores na minha opinião: em primeiro lugar essa relação assimétrica entre os três poderes, parece que o executivo acha que o Brasil poderia ser um estado de dois poderes. Em segundo lugar a fraqueza política de uma grande parte do legislativo.

Quem nos defenderá num estado assim? Deveria ser o legislativo, porque o executivo sempre será a representação de uma maioria e o judiciário para ser imparcial, por dever de função, tem de estar fora da pressão dos grupos. Não quero discutir aqui que estamos, em qualquer lugar, muito longe dessa filosofia política da democracia, mas de verdade o estado brasileiro é muito pouco democrático.

Se quem faz política não tiver clareza sobre isso estando ou não no poder, qual seja ele, uma situação como o caso da fusão dos supermercados será resolvida única e exclusivamente pela lógica do poder econômico, GRANA MESMO.

Deste modo mais uma vez a sociedade ficará indefesa assistindo o jogo dos poderosos que quase sempre acaba em corrupção. QUEM NOS DEFENDERÁ?

Somente nós mesmos podemos fazer isso. O povo é a grande mola propulsora da democracia, um povo ativo e participante. Aqui se coloca a questão da democracia direta que é defendida por muitos, o próprio povo legisla e fiscaliza diretamente. Os partidos seriam, assim, desnecessários.

Eu não estou de acordo com isso e penso que você que me lê também não deveria estar.

Essa é uma falsa solução que normalmente resulta em autoritarismo.

A nossa participação política  precisa ser  fortalecer as instâncias democráticas, principalmente o legislativo por ser o espaço onde todos os grupos podem fazer-se representados. É vital defender o legislativo para que a ação do executivo e do judiciário se dê de modo mais equilibrado. É NOSSO INTERESSE!