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terça-feira, 27 de março de 2012

TORCIDAS DE FUTEBOL E A MORTE DO CHICO ANYSIO

Esta semana aconteceram duas mortes  tão  drasticamente  diferentes que me levaram a refletir e escrever esta postagem. A morte de um torcedor do Palmeiras, Guilherme Vinícius de 19 anos,  numa briga com a torcida do Corinthians em São Paulo e a morte do humorista Chico Anysio com 80.

Chico morreu em consequência de problemas cardíacos, após mais de 60 anos de carreira nos fazendo rir.  Guilherme  Vinícius  morreu  em  consequência da violência que existe nos campos de futebol e sua morte ocorre numa idade em que certamente tinha muitos planos sobre o futuro e não tem nada de engraçado.

Os dois casos devem ter deixado  pessoas tristes.  Nenhuma diferença pode cancelar a dor de uma morte.

Porém, num caso resta o consolo de uma vida intensamente vivida e com uma marca clara: ter levado alegria a milhares de pessoas por anos. No outro, somente resta a raiva de como uma vida pode ser tirada de modo tão precoce e tão sem sentido.

A vida de Chico introduziu alegria através do humor dos seus mais de 200 personagens diferentes.

Mas o que faz da vida algo carregado de humor, alegria e contentamento e quase ao lado um lugar de ódio gratuito, imbecil e violência?

Que sentido ela tem? Para poder existir humor algum sentido deve ter sido intuído por Chico. Não sei o que era, mas sei que existia e que muita gente deve ter aprendido dele.

A violência, seja qual for, é sempre falta de sentido e nunca ensina nada para ninguém.

Nos dois casos escolhas foram feitas. Num caso pela vida, no outro pela morte. As nossas escolhas também podem levar a mais vida ou a mais morte. Como fazê-las?

Uma boa dica que vem da vida e da morte dessas duas pessoas é que dar de si com humor, buscando introduzir alegria na vida dos outros sempre será uma boa escolha. Brigar com alguém pela diferença que tem comigo NUNCA INTRODUZIRÁ NADA DE BOM SEJA NA VIDA DESSE OUTRO, SEJA NA MINHA.

RESPEITA BRASIL.

terça-feira, 20 de março de 2012

E SE FOSSE O CRISTO REDENTOR!?

No dia 06 de março o Conselho de Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou a retirada dos símbolos religiosos (entenda-se crucifixos) das dependências da Justiça gaúcha.

Essa decisão tem gerado muita discussão desde então:

Essas posições e opiniões são bastante antagônicas, de onde vem uma diferença de percepção tão extrema?

Do fato que todos partimos de valores que acreditamos. As decisões sempre expressam as nossas identidades.

Os juízes que tomaram essa decisão, que em tese é para a defesa de um estado "neutro", fizeram  isso  por  valores  nos quais acreditam.

Existe algum juiz que tome decisões sem que tenha valores nos quais acredita? Não é possível para nenhum de nós, nem mesmo para os juízes, que muitas vezes se sentem acima de nós mortais. Eles não foram neutros.

Porque a decisão de que nenhum valor seja expresso é melhor do que a decisão de expressar todos os valores? Eu acredito que é mais democrático que todos se expressem, porque a identidade de cada um é sempre o  ponto de partida de suas escolhas. Conhecer a identidade de alguém nos torna capazes de compreender as suas escolhas.

Certamente existem pessoas que entram naquele tribunal e se sentem mais seguros pela presença  do crucifixo pelo fato que ele significa justiça na nossa sociedade. Essas identidades não foram defendidas. Isso não é justo!

Quem decide  onde esta a razão? O "estado" (aqui se entenda somente um conselho de magistratura) se escolhe que nenhum símbolo pode ser exposto não está tomando uma decisão contrária a tantos que pensam exatamente o contrário?

O interesse de decisões como essa buscam obrigar aos que  tem fé que a vivam como fato privado, tão privado, tão privado que nunca tenha nenhuma incidência histórica. Vejam o caso da aeromoça da British Airwais que foi pressionada por usar uma cruz de forma aparente (veja). Esse caso não é único, existem já muitos outros.

Por isso escolhi o título acima,  vamos imaginar se alguém  decidir que como o Cristo Redentor  é um monumento público que expressa uma religião deve ser destruído!?

E se alguém quiser decidir o que posso acreditar ou não, o que posso pensar e falar e o que não posso.

Onde está o limite desse movimento?

Quem decidirá?

Eu prefiro o real espaço democrático no qual a defesa de "minorias" não  é feita nunca contra ninguém. Uma coisa é diferença outra é desigualdade. Expressar uma diferença (sou cristão, sou muçulmano, sou ateu) não é uma desigualdade (sou melhor porque sou cristão e tenho mais direitos de quem é muçulmano ou ateu).

Como comentei semana passada a sociedade progredirá em termos democráticos se houver respeito as diferenças e intolerância com as desigualdades (quem é melhor a mulher ou o homem?).

A ação do Conselho de Magistratura do Rio Grande do Sul não é uma decisão que expressa a sociedade brasileira, nem mesmo a do estado brasileiro, por isso não é em hipótese nenhuma DEMOCRÁTICA.

RESPEITA BRASIL. RENOVA BRASIL.

terça-feira, 13 de março de 2012

QUEM É MELHOR A MULHER OU O HOMEM?

Resolvi partir dessa pergunta para falar do tema da diferença, porque  não existe democracia onde estas não sejam respeitadas. Porém, muitas  vezes  existe intolerância  com as  diferenças no ambiente social e político, como se fossem um mal em si mesmas.

Partindo do exemplo de mulheres e homens cuja diferença  é uma coisa óbvia, podemos nos perguntar isso é  um mal? Quando a diferença é um mal?

A revista VEJA de semana passada trouxe uma matéria (Veja edição 2259, O abismo ficou menor de Tatiana Gianini) sobre a grande redução das diferenças de renda ocorrida no Brasil nas últimas duas décadas, resultado "do bom e velho capitalismo". Nela a  jornalista  declara  que  o capitalismo é imbatível em termos de mobilidade social e que "um certo grau de desigualdade, no entanto, é natural e saudável, pois isso dá ao ser humano a perspectiva de uma vida melhor."

Que desigualdade é natural?

Ser rico ou ser pobre é natural?

Daí me veio o título, pois ser homem ou mulher é algo natural, é uma diferença, não necessariamente uma desigualdade. Existem diferenças naturais como o sexo, a idade e a cor, mas a desigualdade é uma outra coisa. A desigualdade entre homens e mulheres, entre crianças e adultos, entre brancos e negros não é natural e nem aceitável.

Assim, diferenças desde que não gerem desigualdades podem ser boas como entre homens e mulheres.

Como escrevi acima, em política muitas vezes as diferenças são tratadas de modo intolerante,  mas se não há espaço de respeito pela identidade do outro, seja ela qual for (ou seja se não há desigualdade), não há  uma verdadeira democracia, que como já se disse é o pior dos sistemas, mas até hoje não foi inventado nada de melhor.

Conclusões como da reportagem da revista Veja que o capitalismo  é  bom  porque  os socialismos/ comunismos  diminuiram   as  diferenças,  mas  aumentaram  em  muito  as desigualdades, não são válidas porque  no capitalismo elas também  existem.

Penso que, de modo geral,  a sociedade  progredirá  mais ainda  em  termos  de  busca  da   democracia, mas  somente  se   houver  respeito as diferenças  e  intolerância  com  as desigualdades.

RESPEITA BRASIL. RENOVA BRASIL.

terça-feira, 6 de março de 2012

ATÉ ONDE VAI A ÉTICA NA POLÍTICA?

Este tema da ética tem sido abordado neste espaço não tanto para criticar a atuação de políticos no Brasil (o que neste caso é muito fácil), mas principalmente para marcar a nossa posição. Apresentei em postagens anteriores vários aspectos que consideramos fundamentais: a ética está associada as escolhas que fazemos e estas as intenções;  se expressam no fazer concreto e objetivo da vida de cada um.

Um recente editorial da folha (02/03/2012) expôs uma opinião que é exatamente contrária dessas minhas afirmações e que por isso tomo como ponto de partida desta postagem para  debater  novamente o tema da ética na política.

O editorial diz o seguinte: "Questões como aborto e união homossexual podem ter relevância, para o eleitor, quando se trata de conhecer as convicções íntimas de cada político; pouco ou nenhum impacto exercem, contudo, sobre as ações de um prefeito com relação a transporte público, assistência de saúde ou coleta e reciclagem de lixo, para citar alguns dos problemas da cidade (leia)."

Ou seja, as questões como aborto e união homossexual tem que ver com convicções íntimas, mas isso nada diz de como vou proceder. Existem duas pessoas uma que está no íntimo e outra que se expressa publicamente. Assim, é possível que eu defenda uma política pública em defesa da infância e seja a favor do aborto.

Imaginem que malabarismos serão possíveis na política. Eu sou ético no meu foro íntimo, mas a minha prática pública é regida por outros princípios.

Por que motivo uma pessoa que, no seu "íntimo", não tem nenhum interesse pelas pessoas, no exercício de uma função pública enfrentará questões como transporte público, assistência à saúde e coleta de lixo? Não, aquilo que a pessoa faz no recôndito da sua pessoa se expressará nas suas atitudes públicas.

Aquilo que eu defendo do ponto de vista ético expressa um juízo meu sobre a sociedade e não existe esta separação entre o meu bem o bem coletivo, eles estão associados. Quando faço as minhas escolhas eleitorais devo sim levar em conta as "possíveis" convicções íntimas do candidato.  Porém,  como  também  é discutido no  editorial citado acima, existe uma "religião eleitoral", ou seja um fenômeno religioso que interessa exclusivamente como cooptação política como ficou evidente em dois  episódios  recentes: a escolha do "Bispo" Crivela para o Ministério da Pesca e a declaração do candidato Fernando Haddad sobre o aborto.

Para nós ética é tema básico na política e a experiência religiosa de alguém deve ser considerada como vinculadas ao futuro  exercício de um mandato. Mas ética e experiência religiosa que se expressam no exercício profissional da pessoa, no modo como vive a sua vida no âmbito familiar e da comunidade a que pertence.

Não deixemos nos enganar pelo uso eleitoral da experiência religiosa, é possível uma vivência social e política coerente com a experiência cristã, basta olhar para a direção certa.

RENOVA BRASIL. OLHA PARA O PONTO CERTO BRASIL.