Semana passada a revista Veja trouxe uma reportagem (Edição 2209 de 23 de Abril de 2011, páginas 86-94. Artigo: O medo de volta 66 anos depois de Diogo Schelp) sobre o acidente nuclear no Japão. A situação é de preocupação, ainda mais que nestes casos qualquer autoridade pública para evitar um pânico diminui a realidade dos fatos. O caso é mais grave do que vem sendo relatado na imprensa!
Lendo a reportagem me chamou a atenção a discussão sobre a extensão do uso de energia atômica no mundo. Entre tantas questões foi afirmado que a energia nuclear estava ganhando um novo impulso porque: "afinal, a quebra controlada do átomo permite gerar energia elétrica sem a queima de combustíveis fósseis nas termelétricas e sem a devastação de florestas e rios para construção de hidrelétricas".
Assim, para França, Japão e EUA entre outros países poderosos a ENERGIA NUCLEAR É LIMPA (não queima combustíveis fósseis que tem impacto no clima) E NÃO ALTERA O AMBIENTE (não devasta florestas e rios).
A ENERGIA NUCLEAR SEGUNDO OS PODEROSOS DO MUNDO É LIMPA.
Para aceitar isso, e ficarmos tranquilos ao sabermos que as usinas de Angra são parecidas com as do Japão em Fukushima, teríamos de esquecer o acidente de Chernobyl (ver aqui) ou o acidente de Goiânia (ver aqui).
Mas uma fonte de energia cujos produtos e subprodutos contaminam o ambiente (como em Goiânia) ou são passíveis de acidentes (como Chernobyl e Fukushima) e que terão como consequência final a morte de centenas ou milhares de pessoas, além das consequências para a saúde, como por exemplo uma maior incidência de câncer de outras centenas ou milhares, PODE SER LIMPA? A quem interessaria considerá-la limpa? Porque interessaria considerá-la limpa?
Em primeiro local porque essa mesma energia é utilizada na fabricação de bombas atômicas e uma discussão sempre acaba se vinculando a outra, e isso não interessa aos poderosos do mundo. Mas não pretendo aprofundar nesse assunto por falta absoluta de fontes confiáveis de informação.
Em segundo lugar porque energia é necessária para manter o desenvolvimento econômico. Segundo a mesma reportagem da Veja citada acima o Japão, apesar do trauma, dificilmente poderá desistir de suas usinas nuclares por causa da dependência da sua economia desse tipo de energia.
Mas quanto vale o desenvolvimento econômico, para arriscarmos a vida da única casa que temos o nosso planeta Terra ou a de seus habitantes, ou seja, NÓS?
São muitos os problemas ambientais decorrentes do desenvolvimento econômico sem considerar o problema atômico que está na pauta desta semana em função do que está acontecendo no Japão.
A discussão de um desenvolvimento econômico com sustentabilidade, ou seja, que permita a nós e a quem futuramente estiver por aqui viver com dignidade, está na pauta do dia. Para tanto ver o tema da Campanha da Fraternidade desse ano que aborda exatamente o que estamos fazendo com o nosso planeta (Fraternidade e a Vida no Planeta).
Mas ninguém em sã consciência pode ser contra o desenvolvimento econômico, considerando os milhões de pobres no mundo, incluindo inclusive os do nosso país, que não tem acesso ao mínimo necessário para uma vida digna. Porém, quem são os maiores beneficiários desse crescimento apesar dos riscos ambientais ocasionados? Exatamente os menos necessitados, os mais ricos.
O que ocasiona a necessidade de um tal desenvolvimento pelos países ricos? Uma demanda por consumo que não conhece limites nesses países. Existem estudos mostrando que em breve consumiremos o equivalente a dois planetas (veja aqui)!!!
O que ocasiona a necessidade de um tal desenvolvimento pelos países ricos? Uma demanda por consumo que não conhece limites nesses países. Existem estudos mostrando que em breve consumiremos o equivalente a dois planetas (veja aqui)!!!
Quase não dá para comprender o que isso significa, porém em português comum, consumimos hoje acima da capacidade do nosso planeta e consumiremos cada dia mais se continuarmos com atual padrão.
Está na ora de conversarmos até que ponto queremos arriscar o nosso e o futuro de nossos filhos e netos por um consumo que ultrapassa em muito o limite da necessidade.
Evidentemente esse é um debate político e social da maior relevância do qual nós do GPC não queremos ficar fora e convidamos você a participar conosco.