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terça-feira, 15 de março de 2011

ACIDENTES NATURAIS: DESTINO OU DESCUIDO

Hoje pela manhã uma amiga do GPC (Lurdinha) me ligou pedindo ajuda, pois um vizinho seu, taxista, jovem, sofrera um acidente fatal e a sua família queria um padre para fazer a encomendação do corpo. Parece que estava sem cinto. Será que houve imprudência? Certamente é uma fatalidade sentida pela minha amiga e pelos familiares do rapaz. Uma vida é algo tão importante que nada pode compensar uma perda.

Não pude deixar de pensar no Japão que depois de um terremoto e um tsunami há 4 dias tem quase 3000 mortos, mas como os desaparecidos são milhares esse número deve aumentar muito. Além disso, restaram as dúvidas sobre a magnitude do acidente nuclear que neste momento já aconteceu. O que tem sido dito é que não terá grandes proporções, mas os fatos, infelizmente, só apontam para o contrário.

Numa caso ou no outro, do ponto de vista humano a fatalidade de uma morte ou de milhares é a mesma, como fato social, com todas as suas implicações, a que ocorreu no Japão é muito maior. Num caso buscamos as causas em eventos individuais (o uso do cinto por exemplo) no outro em eventos coletivos (a preparação da sociedade japonesa para este tipo de acidente natural).

Os eventos coletivos sempre tem implicações políticas seja como causa (no caso dos reatores discute-se sobre o grande número deles no país) seja como consequência (como o primeiro ministro japonês estava para cair a discussão é se ganhou um tempo a mais no cargo).

De qualquer modo as decisões da sociedade japonesa para se preparar para terremotos e tsunamis evitou muito mais mortes que poderiam ter ocorrido num acidente desta proporção (o quinto maior terremoto do planeta).

Já não é o que aconteceu no Brasil nas enchentes da região serrana do Rio de Janeiro, onde pelo que foi discutido na época (clique aqui para ver a página que preparei com reportagens daquela semana), se providências prévias tivessem sido adotadas teriam evitado muito do que ocorreu. Nos dias subsequentes comentou-se que o governo federal já estaria investindo num sistema que no futuro evitaria novos eventos semelhantes. Até hoje não li mais nada sobre o assunto.

O que faz uma ocorrência como o da região serrana do Rio de Janeiro ou do Japão um evento coletivo é a repercussão que tem na mídia. O da região serrana apesar dos problemas continuarem (a situação dos desabrigados, do que foi destruído e precisa ser reconstruído) não dá mais mídia, saiu por completo do noticiário. Para os políticos deixou de ser um fato de importância, e por isso dá para ficar com dúvida se no ano que vem não discutiremos de novo sobre as consequências das enchentes sem que nada de preventivo tenha sido feito.

Do ponto de vista das vítimas e suas famílias o que dá a dimensão do fato não é a repercussão da mídia, mas a perda que ocorreu. Nunca deixa de ser um fato!

Diante da morte do jovem taxista ou dos milhares de japoneses sempre vem a pergunta poderia ter sido evitado? Sempre diante de uma perda de alguém querido gostaríamos de descobrir as causas. Todos já fizemos as experiência de mortes que nos pareceram incompreensíveis, porque por mais que busquemos razões, sempre parece que aconteceu por "destino", pessoas que tomam uma decisão que as leva a  estar no local e hora do acidente.

A vida é um mistério! Por mais que consigamos explicar muito coisa, sempre permanece algo de impoderável em qualquer fato da vida, de inexplicável.

Apesar deste "imponderável" a nossa responsabilidade individual (cuidar de nós mesmos para termos uma saúde melhor) ou social (cuidar de outros que necessitam do nosso trabalho) é de agirmos para que a qualidade de vida nossa ou de nossa comunidade aumente.

Se temos uma responsabilidade social ou política esse "dever" é maior. Não é a quantidade de mídia, mas o nosso compromisso como  homens que deveria importar.

Como comentei acima os fatos da região serrana do Rio de Janeiro já não tem tido mais a mesma mídia. O nível de ajuda diminuiu do mesmo modo. Porém, amigos meus acompanhados de 30 jovens foram lá durante o carnaval reconstruir e cuidar de pessoas.

O que os motivou? Solidariedade, perceber-se como irmãos daquelas pessoas mesmo que não as conheça.

Essa solidariedade é o primeiro fator, o primeiro "dever" de qualquer político ou de qualquer  pessoa comprometida socialmente que pode levar a enfrentar um terremoto como os japoneses enfrentam ou como nossos governantes brasileiros tem enfrentado as enchentes.

Nós do GPC queremos participar colocando a nossa solidariedade  para contribuirmos na sociedade brasileira, com o compromisso social japonês e com o coração daqueles jovens brasileiros meus amigos.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom o seu blog adorei!