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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Natal: é possível num mundo de violência como o nosso ???


POLÍTICA E CULTURA 

O tema mais freqüente no Natal é o da fraternidade. Mesmo no Natal que deixou de ser a festa do nascimento de Cristo, o do Papai Noel e dos presentes, esta é a palavra mais usada. Outra muito comum também nesta época é solidariedade. Tanto uma quanto outra apontam para a relação entre pessoas que tem entre si um olhar de irmãos, de iguais, de alguém que se sente vinculado com o outro, que se sente ligado ao outro.
Mas num Brasil que foi dominado nestes últimos tempos pela divulgação da violência, quase diariamente, é possível que estes temas tão natalinos façam algum sentido?

Eu estive sábado com três amigos na casa do seu Zé Ferreira para conhecê-lo e sua esposa, dona Júlia. Eles são aquilo que a palavra exemplo de vida significa. Uma vida muito sofrida, que é impossível para nós entender de tão sofrida. Porém, uma vida que apesar de todas adversidades, que ainda continuam, não tem como não querer ser como eles são como pessoas. Não tem como não dizer que se o mundo fosse feitos de outros tantos Zés e Júlias seria diferente do que é.

Mas, de onde nasce personalidades como as deles? Não pode ser um esforço, uma capacidade diferente deles, até porque eles são gente bem comum. Eles foram criados numa cultura marcada pela solidariedade e fraternidade cristãs. Foram moldados dentro dessa cultura, neles o Natal é algo real, que não é feito de Papai Noel e presentes, mas do anúncio cristão, que é o Natal.

Como comentei em um post anterior, a violência (da qual tanto se falou nos últimos dias no Brasil) tem a ver com  a mentalidade de hoje, o relativismo: não existe a Verdade, porque cada um tem a sua verdade. É nessa cultura é que se criam as condições da violência: o individualismo e seu consequente cada um por si e a necessidade de consumo que não tem limite para tentar sanar a necessidade que todos temos de felicidade.

Porque nasce a violência? Seja porque o outro não é mais irmão, ou não é nada ou é inimigo, porque na busca da minha felicidade individual, não tem nada que “dificulte” mais do que o outro com o seu próprio desejo, com a sua própria necessidade.

O mundo de hoje constrói a sua cultura, a sua mentalidade tentando negar os sinais desse Natal, para que aja um respeito para aqueles que não crêem, que são muito poucos aliás, mas impregnam a nossa mentalidade. Assumem porém, a sua parcela de culpa deste mundo? Não, agem como se não fossem com eles. A imprensa, os meios de comunicação na maior parte das vezes, somente sabe nos brindar com todos os detalhes da violência, e ridicularizar aqueles que crêem. Os políticos, os líderes agem somente, quando fazem alguma coisa, para tratar das conseqüências, das raízes nem se pensa. Bate, prende bandido, mas porque existe o tráfico, porque tem o consumo? 

Tem o consumo, entre outros motivos por causa daquela necessidade que eu comentei acima, e que não pode não ser respondida. Isso é forte principalmente na juventude porque nela é mais forte esse desejo, que não encontra referências num mundo do individualismo e do consumo desenfreado.

Temos de refletir nisso, é dever de todos nós chamados formadores de opiniões. Nós que temos alguma liderança na sociedade - pais, chefes, imprensa, políticos - temos de refletir é nas raízes desse mal e não bater ou prender simplemente, porque só isso não vai resolver.
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Nós do GPC acreditamos que a pessoa, naquilo que é, ser aberto ao transcendente, ao Outro é o centro da questão. A pessoa é um feixe de desejos inextirpáveis e que apontam para a necessidade do Infinito, porque infinitos são esses desejos.

O Natal é a declaração da resposta desse Outro a essa necessidade. Olhar para isso é uma forma de começar a resolver a violência e todos os problemas que estão aí, é a nossa contribuição de cristãos a sociedade.

Nós do GPC queremos levar a sério essa mensagem do Natal. Ela também quer dizer que a política é um serviço fraterno e solidário ao outro nosso irmão, tem de aprender desses Zés e Júlias anônimos e trabalhar para eles.

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