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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

AH! AQUELE AMASSADO NO CARRO!

Na vida particular como na sociedade existem momentos marcantes, dos quais não gostaríamos de esquecer nenhum detalhe vivido. São momentos intensos e cheios de emoções, de choros e risos, de pessoas que amamos. Parece que a vida para neles. Passam tão rápido que ficamos com aquele gosto de quero mais, que não pare, que nunca acabe. Não sei se você concorda, mas sempre tem um amassado no carro para estragar a alegria do momento. É como se na vida, em tudo que temos e vivemos, sempre tivesse algo que quisesse roubar aquele instante de alegria nosso.

Sexta-feira última (21/01/2011) foi o casamento do meu filho. O primeiro a casar-se e olha que são cinco e tenho ainda muito a fazer. Foi um destes momentos inesquecíveis, todos estávamos muito alegres, parentes e amigos que compareceram viram estampado no rosto dos noivos uma alegria que não queremos que se acabe nunca.

Mas teve o amassado no carro, a porta da geladeira quebrada, aqueles momentos que parecem que vem para estragar a alegria geral.

Também na vida em sociedade, da família ao país, existem do mesmo modo esses momentos felizes e os estragos que os acompanham. Ficamos muitas vezes como sem saber para onde olharmos para o sorriso de alegria ou ao amassado do carro. É como se lutassem dentro de nós duas forças opostas, nos empurrando para lados opostos, ou alegria do dom recebido ou tristeza do estrago que vem junto.

PARA ONDE OLHAR, O QUE VER, COMO SE CONTENTAR NA VIDA SE O ESTRAGO ANDA ALI JUNTO PARIPASSO?

Na vida particular como na vida na sociedade é igualzinho.

Como esconder o que aconteceu? O que aconteceu, aconteceu? Mas o que deve determinar o meu momento? A alegria ou estrago?

Porque estamos alegres? É uma alegria passageira ou profunda? O que nos deixa alegres naquele momento?

No meu caso, olhando para os noivos eu via a minha esposa e eu há trinta anos, no "nosso" casamento. Era a mesma alegria, a mesma!!!

Percebi ali que uma história, a da minha família com minha esposa e filhos, ganhava continuidade, não somente porque será frutuosa, não somente porque ganhamos outra filha (são quatro agora), mas porque a nossa história continua...

O mesmo olhar que tivemos sobre as nossas vidas percebemos naquele momento. É um Dom, é um Outro que nos dá o presente da pessoa amada, que nos dá esse amor. Não tem nada que satisfaz mais do que esse Dom, do que esse amor que esse Outro nos deu e nos dá continuamente, e que estes momentos revelam como história que continua num povo pequeno ou grande.

Esses "estragos" diante desse amor são oportunidades que nos provocam a nos perguntarmos onde colocamos a nossa esperança? Como é possível caminhar no meio das adversidades, das injustiças que ocorrem em nossa vida?

Pensando nisso e nas pessoas que sofreram esses dias com as enchentes os estragos da vida ficam tão pequenos. Certamente em cada cidade, cada bairro, cada casa houve casamentos, famílias, alegrias e momentos inesquecíveis. Agora a tristeza de quem perdeu bens e "bens", pessoas queridas com quem compartilharam a vida.

Aqui também podemos olhar para a porta estragada, de uma política equivocada que poderia ter evitado muito do que aconteceu ou para um cem número de iniciativas, de solidariedade que se manifestou de todos os lados, com faces e idades as mais diferentes. De onde nasce essa solidariedade?

Da mesma raiz da alegria, do mesmo amor, que reconhece em qualquer um, um pedaço de história comum e de paixão pelo outro.

Com a nossa democracia é a mesma coisa. Se olhamos para o nosso passado durante a ditadura onde o clima de violência e desconfiança, de abuso era o mais alto que esse país já teve e vemos que hoje somos uma democracia certamente uma alegria muito grande toma conta da gente.

Mesmo que muitas vezes ainda vejamos tantos equívocos, tantos desvios de dinheiro público, que se empregado corretamente poderia evitar tantos estragos que ocorrem na vida das pessoas, como aqueles que ocorreram na região serrana do Rio de Janeiro. São as portas amassadas da nossa sociedade.

Mas o povo que reconstruiu o país da ditadura é o mesmo que se solidariza com cada sofrimento que, infelizmente, ocorre na vida e é, mesmo assim, uma gente alegre e feliz. Apesar de tanta porta estragada nunca desiste e busca sempre recomeçar, como agora nesse momento estão fazendo no Rio de Janeiro.

É esse povo, essa história de amor, de doação, que recomeça sempre, em cada adversidade ou injustiça, a nascente dessa democracia.

Nós podemos olhar também nesse caso aos estragos ou a alegria da nossa democracia. Certamente a alegria, que é alegria do nosso povo é capaz de enfrentar até mesmos estragos como desses dias e será capaz de caminhar, de construir um Brasil mais humano e justo.

É desse caminho que nós do GPC queremos fazer parte. Venha conosco!

2 comentários:

Anna Maria disse...

Bené, que lindo e verdadeiro o que você escreveu.
Não fui ao casamento porque não me sentia bem e estava tomando remédios fortes.
Pela manhã eu rezei e pedi muito por eles.
Sei como é a alegria que você está sentindo e essa alegria, tanto a de vocês (pais) como a dos noivos vai ser eterna.
Eu e meu esposo também sentimos isto quando o nosso primeiro filho casou-se.
Que Deus abençoe muito a vida deles. Um abraço fraterno a você e a sua esposa.
Anna Maria (mãe do Paulinho)

Unknown disse...

Ontem, minha irmã Sally fez uma cirugia onde descobriu que um cancer de pulmão detectado em dezembro já está nos linfonodulos e não é possível curar cirurgicamente. Meu filho está com ela e teve que mandar esta noticia para a familia e os amigos. Num email, ontem de noite, ele faz uma longa reflexão ao respeito de que isso não é o resultado que esperavamos, mas é a nova realidade com que vamos ter que convivir. Ele pede alguma noticia boa e lembrei de ter lido esta reflexão ontem depois de receber a noticia. Se conseguir ver a presença de Deus nos momentos alegres é fácil, de certa maneira, a presença Dele e o plano que ele tem para nos fica igualmente claro em momentos extremos.