Desde semana passada o noticiário da imprensa foi tomado pelas manifestações populares no Egito, milhares de pessoas se concentraram todos os dias na Praça Tahrir - "liberdade", em árabe - buscando com sua manifestação a queda da ditadura de 30 anos e a construção de uma democracia no país.
Toda ditadura para sobreviver precisa agredir a liberdade das pessoas, por isso a existência dessas concentrações, apesar de toda tentativa de repressão que aconteceu, tem sido interpretada como uma grande luta por essa necessidade essencial da pessoa: LIBERDADE.
Mas, o que é liberdade?
"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda (Cecília Meireles)".
"A liberdade é mais importante do que o pão (Nelson Rodrigues)".
"A liberdade é o oxigênio da alma (Woody Allen)".
"Liberdade é o espaço que a felicidade precisa (Fernando Sabino)".
A liberdade evidentemente é algo que precisamos, ninguém precisa nos dizer. Porém, hoje são muitos os que querem nos dizer o que é e assim dirigir a nossa vida.
Normalmente hoje é entendida como autonomia. Mas autonomia o que é? Que estamos desligados uns dos outros que as minhas ações não têm nada a ver com os outros e as deles não me atingem? Mas isso é verdade, mesmo?
Por isso decidi pelo título porque se Muricy Ramalho não tivesse desistido de ser técnico da seleção brasileira, talvez o Corinthians não tivesse sido eliminado da Libertadores.
Para os que não acompanham futebol faço alguns comentários explicativos: Muricy Ramalho foi convidado para ser técnico da seleção brasileira, não aceitou e permaneceu no Fluminense. Mano Menezes foi convidado no seu lugar e aceitou, deixando o Corinthians. No final do ano o Fluminense foi campeão do campeonato brasileiro de 2010 e o Corinthians terminou em terceiro lugar.
Por causa disso o Corinthians teve que disputar uma fase classificatória da Libertadores (grande sonho do time para 2011) e foi eliminado na semana passada. Talvez isso não tivesse acontecido se Muricy estivesse na seleção e Mano no Corinthians. Sendo assim um corintiano poderá ter pensado: Ah! Se Muricy não tivesse desistido, se a liberdade dele tivesse escolhido outra coisa a minha não teria sido oprimida pela derrota do meu time!
A liberdade nossa não é autônoma, o que eu escolho envolve sempre as pessoas. Eu também não escolho o que quero autonomamente, porque não escolho o que eu sou, nasci assim, “Alguém” escolheu por mim: não escolhi a minha altura e a cor dos meus olhos.
Estes dias estive com dois grandes amigos da época da faculdade. Um deles é mais baixo que eu e tem olhos azuis. Não adiantaria a ele querer a minha altura e os seus olhos azuis. Ou eu ter a minha altura e a cor dos olhos deles.
Ou o que somos nasce de um acaso ou Alguém me quiz? Na primeira hipótese só me resta o lamento, na segunda hipótese tentar entender o que esse Alguém quiz.
Um outro aspecto da liberdade é a sua relação com responsabilidade. Na hipótese do acaso somente me resta o moralismo do dever a ser cumprido. Diante de Alguém a responsabilidade é resposta a ele. Se sou do jeito que sou, a minha liberdade está em responder a esse “projeto” sobre mim de quem me criou: conhecê-lo e amá-lo, a minha felicidade parte daqui, não de um ponto que eu escolho autonomamente.
Assim, liberdade é algo que percebemos como necessária e está em me relacionar com esse Alguém que me quiz.
Na política a democracia é o sistema que as sociedades desenvolveram para que as liberdades fossem respeitadas. Mas sem a relação com esse Alguém não é possível democracia porque não é possível liberdade.
Assim nós do GPC defendemos que nós cristãos ou não, mas que acreditamos nesse Alguém, temos que participar da política e a nossa omissão não é nossa liberdade, porque não estamos respondendo a provocação que na vida nos são colocadas, não somos responsáveis e assim livres.
Um comentário:
É uma honra ser seguidora do Blog do Dr Benedito, um homem ético, proativo que fez diferença na SAS/MG.......saudade dos tempos de voce Superintendente, tudo acontecia....rssss
Abraços.
Andréa Lage
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